
Em outubro, a OMS e seus parceiros transferiram 14 pacientes críticos e onze acompanhantes do Hospital Kamal Adwan para o Hospital Al-Shifa, como parte de uma missão de dois dias, em meio a hostilidades e restrições de acesso, o que forçou a equipe a permanecer no hospital Kamal Adwan durante a noite, com pesados bombardeios nas proximidades do hospital. Foto: ©OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) acaba de emitir comunicado informando estar chocada com o ataque de ontem ao Hospital Kamal Adwan, que colocou fora de serviço a última grande unidade de saúde no norte de Gaza. O desmantelamento sistemático do sistema de saúde e um cerco de mais de 80 dias no norte de Gaza colocam em risco as vidas dos 75.000 palestinos que permanecem na área. Os relatos iniciais indicam que algumas áreas do hospital foram queimadas e severamente danificadas durante o ataque, incluindo o laboratório, a unidade cirúrgica, o departamento de engenharia e manutenção, o centro cirúrgico e a loja médica. Mais cedo, ontem, doze pacientes e uma funcionária da saúde foram forçados a abandonar o local e ir para o Hospital Indonésio, onde não é possível fornecer nenhum cuidado porque foi destruído. Ao mesmo tempo, a maior parte da equipe, pacientes estáveis e acompanhantes foram transferidos para um local próximo. Além disso, algumas pessoas foram supostamente despidas e forçadas a caminhar em direção ao sul de Gaza. Nos últimos dois meses, ataques aos hospitais e aos profissionais de saúde ocorreram quase que diariamente. Esta semana, bombardeios em suas proximidades teriam matado 50 pessoas, incluindo cinco profissionais de saúde do Hospital Kamal Adwan.
Kamal Adwan agora está vazio. Ontem à noite, os 15 pacientes críticos restantes, 50 cuidadores e 20 profissionais de saúde foram transferidos para o Hospital Indonésio, que não tem o equipamento e os suprimentos necessários para fornecer cuidados adequados. A movimentação e o tratamento desses pacientes críticos sob tais condições representam graves riscos à sua sobrevivência. O diretor do Hospital Kamal Adwan teria sido detido durante a operação.
Uma missão urgente da OMS ao Hospital Indonésio está sendo planejada para amanhã com o objetivo de transferir pacientes com segurança para o sul de Gaza para que recebam tratamento contínuo.
Desde o início de outubro de 2024, a OMS verificou pelo menos 50 ataques à saúde no hospital Kamal Adwan ou perto dele. Apesar das necessidades cada vez mais extremas de serviços e suprimentos de emergência e trauma, apenas 10 das 21 missões da OMS ao Kamal Adwan foram parcialmente facilitadas entre o início de outubro e dezembro deste ano. Durante essas missões, 45.000 litros de combustível, suprimentos médicos, sangue e alimentos foram entregues, e 114 pacientes, juntamente com 123 acompanhantes, foram transferidos para o Hospital Al-Shifa. Mas a implantação de equipes médicas de emergência internacionais foi repetidamente negada.
Os hospitais voltaram a ser campos de batalha, lembrando a destruição do sistema de saúde na Cidade de Gaza no início deste ano.
Desde outubro de 2023, a OMS tem repetidamente emitido apelos urgentes para proteger os profissionais de saúde e hospitais de acordo com o direito internacional humanitário — mas esses apelos permanecem sem ser ouvidos. Instalações de saúde, profissionais e pacientes devem ser protegidos ativamente e nunca atacados, nem usados para fins militares. Os princípios de precaução, distinção e proporcionalidade sob o Direito Internacional Humanitário são absolutos e sempre se aplicam.