
Reunião de cientistas da NASA com administrador interino da casa. Crédito da foto: NASA/Bill Ingalls.
Na segunda-feira, 21 de julho de 2025, no 56º aniversário do pouso na lua, os funcionários da NASA redigiram, assinaram e enviaram a “Declaração da Voyager” a Sean Duffy, administrador interino da agência espacial, e aos membros do congresso norte-americano que supervisionam a gestão da NASA. Quase 300 funcionários atuais e antigos da casa – incluindo astronautas, engenheiros e cientistas – assinaram o manifesto, que alerta para os riscos dos cortes orçamentários e mudanças organizacionais promovidos pelo governo Trump. O documento, organizado pela Stand Up For Science, acusa a administração federal de minar a integridade científica da agência espacial e colocar em risco décadas de pesquisa em exploração espacial, aeronáutica e estudos climáticos.
Os principais pontos de conflito
A declaração destaca quatro ameaças críticas à NASA:
- Cortes orçamentários drásticos – incluindo a proposta de reduzir em 50% o financiamento da Diretoria de Missão Científica até 2026 e o cancelamento de mais de US$ 120 milhões em subsídios para pesquisas.
- Enfraquecimento da Autoridade Técnica – sistema criado após o desastre do Columbia (2003) para evitar falhas em missões.
- Cancelamento de projetos em desenvolvimento – como missões de estudo da Terra e do clima.
- Interferência política em decisões técnicas – com realinhamentos internos que prejudicam a independência científica.
“Os últimos seis meses testemunharam mudanças rápidas e desnecessárias que minaram nossa missão e causaram impactos catastróficos na força de trabalho da NASA”, afirma o texto, assinado por 287 profissionais, incluindo quatro astronautas.
Protesto se espalha por outras agências federais
A NASA não está sozinha. Funcionários de outras instituições científicas dos EUA também têm se mobilizado:
- Agência de Proteção Ambiental (EPA): Mais de 100 cientistas assinaram um manifesto crítico – e muitos foram punidos com licenças administrativas.
- Institutos Nacionais de Saúde (NIH): Pesquisadores denunciaram pressões para cortar estudos sobre mudanças climáticas e saúde pública.
A Declaração Voyager exige que o administrador interino da NASA rejeite os cortes propostos pela Casa Branca e proteja a autonomia científica da agência.
Por que isso importa?
- Segurança de missões espaciais – Sem supervisão técnica rigorosa, acidentes como os dos ônibus espaciais Challenger e Columbia podem se repetir.
- Ciência climática em risco – Cortes em satélites de monitoramento do clima afetam previsões de desastres naturais.
- Fuga de cérebros – Cientistas podem deixar a agência devido à instabilidade e falta de financiamento.
O próximo passo: O Congresso dos EUA, que já aprovou orçamentos maiores do que os propostos por Trump, terá de decidir se sustenta ou rejeita as mudanças. Enquanto isso, a comunidade científica continua em alerta.