
Descoberta é vista por arqueólogos como extremamente importante para melhor compreensão da história do Egito num período conturbado. Fonte Crédito: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito.
Arqueólogos egípcios descobriram a tumba de um rei até então desconhecido, que teria reinado há cerca de 3.600 anos, durante o conturbado “Segundo Período Intermediário”. A tumba foi encontrada na necrópole de Abydos, a 7 metros de profundidade, e contém uma câmara funerária de calcário coberta por abóbadas de tijolos de barro. A descoberta foi anunciada pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, mas o nome do faraó permanece um mistério, pois os hieróglifos que o identificavam foram danificados por ladrões de túmulos. Apesar disso, a descoberta é considerada altamente significativa, pois pode ajudar a esclarecer a história política e cultural do Egito durante um período de fragmentação e domínio estrangeiro.
Durante o Segundo Período Intermediário (1640-1540 a.C.), o Egito estava dividido: o Norte era controlado pelos hicsos, um povo de origem asiática, enquanto o Sul era governado por vários reis locais. Abydos, localizada no Centro do país, teria sido governada por uma única liderança, possivelmente a do faraó cuja tumba foi descoberta. Josef Wegner, professor de egiptologia e arqueologia egípcia da Universidade da Pensilvânia e líder da equipe de pesquisadores, explicou que o nome do rei foi originalmente registrado em cenas pintadas em tijolos rebocados que decoravam a entrada subterrânea do túmulo. No entanto, os textos hieroglíficos foram danificados por antigos ladrões de túmulos, não resistiram à ação do tempo, que apagou o nome do monarca. Wegner destacou que os arqueólogos continuam investigando a área, que pode abrigar mais túmulos reais do mesmo período histórico, o que ajudaria a esclarecer a identidade do faraó desconhecido.
Anna-Latifa Mourad-Cizek, professora assistente de arqueologia egípcia na Universidade de Chicago, que não está envolvida na escavação, classificou a descoberta como “altamente significativa”. Em matéria publicada na revista Live Science, ela acredita que a tumba fornece mais evidências sobre como era o Segundo Período Intermediário na região central do Egito, um período pouco documentado e marcado por instabilidade política e cultural.
Além da tumba, a expedição liderada por Wegner descobriu uma oficina de cerâmica e vidro em Banawit, um vilarejo ao Norte de Abydos. A oficina data do período em que o Império Romano controlava o Egito (30 a.C. a 642 d.C.). No local, foram encontrados 32 óstracos — fragmentos de cerâmica usados para escrever — que registram transações comerciais e detalhes sobre como os impostos eram pagos. Esses textos foram escritos em grego e demótico, uma escrita egípcia. Entre os séculos VII e XIV d.C., a oficina foi reutilizada como cemitério, e os restos mortais de famílias foram encontrados no local.
Esta é a segunda tumba de um rei local descoberta em 2025. Em fevereiro, outra equipe de arqueólogos anunciou a descoberta da tumba de Tutmés II, meio-irmão e marido da rainha Hatshepsut, que governou há cerca de 3.500 anos. A descoberta da tumba do rei desconhecido em Abydos, juntamente com a oficina romana e os óstracos, oferece uma janela única para a complexa história do Egito, revelando detalhes sobre períodos de fragmentação política, práticas comerciais e culturais, e a reutilização de espaços ao longo dos séculos. A pesquisa continua, com a expectativa de novas descobertas que possam preencher lacunas históricas e enriquecer o entendimento da civilização egípcia.