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Nesta quarta-feira (13), o Dia Mundial do Rim destaca a urgência de prevenir a Doença Renal Crônica (DRC), que afeta 10% da população global, segundo a Sociedade Internacional de Nefrologia. No Brasil, 42 mil pessoas aguardam por um rim — 95% da fila nacional de transplantes —, enquanto apenas 6.316 procedimentos foram realizados em 2024, conforme dados do Ministério da Saúde.
O Paraná concentra 2.550 pacientes na lista de espera, reflexo de um sistema que enfrenta gargalos como a baixa taxa de doadores efetivos: embora 54% dos brasileiros declarem apoio à doação de órgãos em pesquisas, apenas 23% das famílias autorizam a retirada após morte encefálica, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
Histórias por trás das estatísticas
Priscila Fiedler, 47 anos, integra a minoria que conseguiu um transplante após seis meses de hemodiálise. Fotógrafa profissional, ela ignorou sintomas como cansaço extremo até receber o diagnóstico de falência renal em 2023. “Não tinha diabetes ou hipertensão. A rotina desregrada foi suficiente para sobrecarregar meus rins”, relata.
Sua trajetória ilustra um paradoxo: embora 70% dos casos de DRC sejam evitáveis com hábitos saudáveis, conforme a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o diagnóstico tardio ainda é comum. “Muitos só descobrem a doença em estágio avançado, quando restam poucas opções além do transplante”, explica Dra. Lúcia Andrade, nefrologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Doação: entre a vontade individual e a autorização familiar
No Brasil, a doação de órgãos exige consentimento familiar mesmo quando o desejo do falecido está registrado em cartório. Atualmente, 8 mil unidades oferecem a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO), documento que formaliza a intenção, mas não dispensa a assinatura dos parentes.
Restrições médicas também limitam o processo: portadores de HIV, hepatites B/C, câncer metastático ou insuficiência múltipla de órgãos são excluídos da lista de doadores. Para casos de doação em vida, a legislação permite que parentes até terceiro grau (pais, irmãos, tios, primos) realizem o procedimento, desde que comprovada compatibilidade biológica.
Desafios além da fila
Enquanto Priscila comemora o “renascimento” após o transplante, milhares enfrentam obstáculos como deslocamento para centros especializados — 80% dos transplantes renais no país são realizados em apenas 10 estados, segundo o Ministério da Saúde. Para mudar o cenário, especialistas defendem campanhas permanentes de conscientização e ampliação do acesso a exames de creatinina e urina, capazes de detectar a DRC em estágios iniciais.