
Ganhadoras do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz 2025 e parlamentares em plenário. Geraldo Magela/Agência Senado.
A 22ª edição do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, entregue nesta quinta-feira (27) no Senado Federal, celebrou a trajetória de 19 personalidades que se destacam na defesa dos direitos das mulheres. A premiação reforçou a urgência de políticas públicas para ampliar a representatividade feminina em espaços de poder e combater a violência de gênero.
Entre as homenageadas, a juíza Bruna dos Santos Costa Rodrigues (TJ-CE) relatou os desafios diários do racismo e do sexismo estrutural: “Cansa lutar pela paridade, mas temos uma missão maior: garantir plenos direitos às mulheres”, afirmou. A senadora Leila Barros (PDT-DF) destacou o prêmio como um “ato de resistência”, enquanto dados do Ministério das Mulheres revelaram 1.450 feminicídios em 2024, além de 2.485 homicídios dolosos contra mulheres.
Representação política e cotas
As senadoras criticaram a subrepresentação feminina no Congresso (menos de 20% das cadeiras) e no Judiciário — como no TST, onde apenas 7 dos 27 ministros são mulheres. A ministra Delaíde Arantes (TST) anunciou uma proposta de cotas para o tribunal. O debate sobre um novo Código Eleitoral com cotas mínimas para mulheres também foi destacado.
Corte orçamentário e retrocessos
A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) denunciou a redução de 68% no orçamento de 2025 para políticas de combate à violência contra a mulher, aprovado pela Comissão Mista de Orçamento: “É um retrocesso inaceitável”, disse.
As 19 homenageadas
- Ani Heinrich Sanders – Produtora rural (PI), indicada por Jussara Lima (PSD-PI).
- Antonieta de Barros (in memoriam) – Primeira deputada negra do Brasil (SC), indicada por Ivete da Silveira (MDB-SC).
- Bruna dos Santos Costa Rodrigues – Juíza (TJ-CE), indicada por Augusta Brito (PT-CE).
- Conceição Evaristo – Escritora (MG), indicada por Teresa Leitão (PT-PE).
- Cristiane Rodrigues Britto – Ex-ministra da Mulher, indicada por Damares Alves (Republicanos-DF).
- Elaine Borges Monteiro Cassiano – Reitora do IFMS, indicada por Soraya Thronicke (Podemos-MS).
- Elisa de Carvalho – Pediatra (DF), indicada por Dra. Eudócia (PL-AL).
- Fernanda Montenegro – Atriz, indicada por Davi Alcolumbre.
- Fernanda Torres – Atriz e escritora, indicada por Eliziane Gama (PSD-MA).
- Janete Ana Ribeiro Vaz – Cofundadora do Grupo Sabin, indicada por Leila Barros (PDT-DF).
- Jaqueline Gomes de Jesus – Professora e gestora de cotas (UnB), indicada por Zenaide Maia (PSD-RN).
- Joana Marisa de Barros – Mastologista (PB), indicada por Daniella Ribeiro (PSD-PB).
- Lúcia Willadino Braga – Neurocientista (Rede Sarah), indicada por Davi Alcolumbre.
- Maria Terezinha Nunes – Coordenadora da Rede Equidade, indicada pela Bancada Feminina.
- Marisa Serrano – Ex-senadora, indicada por Tereza Cristina (PP-MS).
- Patrícia de Amorim Rêgo – Procuradora (MP-AC), indicada por Sérgio Petecão (PSD-AC).
- Tunisia Viana de Carvalho – Ativista dos direitos maternos, indicada por Mara Gabrilli (PSD-SP).
- Vírginia Mendes – Filantropa (MT), indicada por Margareth Buzetti (PSD-MT).
- Viviane Senna – Presidente do Instituto Ayrton Senna, indicada por Dorinha Seabra (União-TO).
Legado de Bertha Lutz
O prêmio homenageia a bióloga e feminista Bertha Lutz (1894-1976), pioneira na luta pelo voto feminino e pela igualdade de gênero na ONU. A cerimônia reforçou o chamado por ações concretas, como afirmou a senadora Teresa Leitão (PT-PE): “Temos que ocupar espaços sem pedir licença”.