
Crédito da Foto: Tânia Rego/Agência Brasil.
Em sua página no X (antigo Twitter), o presidente da França, Emmanuel Macron, informa que vai reconhecer o Estado da Palestina e que o anúncio oficial desse reconhecimento será feito em setembro, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas. Se isso de fato ocorrer, o país será a primeira potência ocidental a admitir que o povo palestino tem o direito de ter sua própria pátria. De acordo com ele, a paz justa e duradoura no Oriente Médio passa por essa decisão, apresentada como um “compromisso histórico”. Desse modo, França junta-se a Espanha, Irlanda e Noruega, além de mais de 140 outros países, dentre os quais, desde 2010, o Brasil.
A postagem – de 24 de julho – termina com a publicação de uma carta datada de 2 de julho em que Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, dirige-se a Macron reiterando o “compromisso da Autoridade Palestina em assumir plenamente suas funções soberanas em todos os territórios palestinos, incluindo Gaza, em se reformar profundamente e em organizar eleições presidenciais e legislativas em 2026 para fortalecer sua legitimidade e autoridade sobre o futuro Estado palestino, que, conforme o senhor afirmou, não deve ser militarizado”.
A seguir, a publicação de Macron em tradução livre (os destaques são do próprio presidente da França):
Fiel ao seu compromisso histórico por uma paz justa e duradoura no Oriente Médio, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina.
Farei este anúncio solene durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, no próximo mês de setembro.
A urgência hoje é o fim da guerra em Gaza e o socorro à população civil.
A paz é possível.
É preciso um cessar-fogo imediato, a libertação de todos os reféns e uma ajuda humanitária maciça à população de Gaza. Também é essencial garantir a desmilitarização do Hamas, a segurança e a reconstrução de Gaza. Por fim, é necessário construir o Estado da Palestina, assegurar sua viabilidade e, ao aceitar sua desmilitarização e reconhecer plenamente Israel, permitir que ele contribua para a segurança de todos no Oriente Médio.
Não há alternativa.
Os franceses desejam a paz no Oriente Médio. Cabe a nós, franceses, junto com israelenses, palestinos e nossos parceiros europeus e internacionais, demonstrar que isso é possível.
Diante dos compromissos assumidos pelo presidente da Autoridade Palestiniana em nossa comunicação, expressei a ele minha determinação em avançar.
Confiança, clareza e compromisso.
Vamos conquistar a paz.
Em comunicado publicado hoje, o governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, saúda o anúncio de Emmanuel Macron e aguarda a formalização da decisão, em setembro, por ocasião da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. Na nota, o Brasil exorta todas as demais nações que ainda não o fizeram a reconhecer a Palestina como Estado soberano e insta todos os países a trabalhar por seu ingresso como membro pleno nas Nações Unidas. Ao reiterar sua firme convicção de que se trata da melhor forma de se chegar a uma paz sustentável na região, o Brasil reafirma a defesa da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital.