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Um estudo realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou um desafio silencioso no SUS: cuidadores familiares, muitas vezes idosos e mulheres, estão sobrecarregados e sem apoio adequado ao cuidar de parentes frágeis em casa. A pesquisa, focada no programa Matrix 10 (um projeto de acompanhamento remoto de idosos em cuidados paliativos), mostrou que, apesar de iniciativas como essa ajudarem a reduzir hospitalizações desnecessárias, os cuidadores ainda enfrentam solidão, exaustão e falta de estrutura.
Quem cuida do cuidador?
A maioria das cuidadoras entrevistadas eram mulheres acima de 60 anos – ou seja, idosas cuidando de outros idosos, muitos com Alzheimer e dependência total. A pesquisa mostrou que:
- Elas têm dedicação ininterrupta, vigiando o paciente dia e noite.
- Faltam políticas públicas que deem suporte físico e emocional a essas famílias.
- Muitas casas não têm estrutura (como cadeiras de banho ou rampas) para um cuidado digno.
“Elas não escolhem ser cuidadoras, mas acabam assumindo essa responsabilidade sozinhas”, explica Carolina Galdino, autora do estudo, que também viveu essa realidade ao cuidar do próprio avô.
O que pode mudar?
Em 2024, o Ministério da Saúde lançou duas políticas importantes:
- Política Nacional de Cuidados Paliativos – para melhorar atendimento a pacientes graves.
- Política Nacional de Cuidados – que prevê dividir a responsabilidade entre família, governo e comunidade.
Mas, segundo a pesquisa, isso só funcionará se houver:
- Apoio profissional contínuo (como o Matrix 10, que orienta cuidadores à distância).
- Estrutura em casa (ajustes para mobilidade, acesso a medicamentos).
- Ajuda psicológica e financeira para quem dedica a vida a cuidar de outro.
Por que isso importa?
O Brasil está envelhecendo, e cada vez mais idosos dependerão de familiares. Se nada for feito, a sobrecarga sobre os cuidadores – já invisíveis hoje – só vai piorar. “Cuidar de quem cuida não é um favor, é uma necessidade urgente de saúde pública”, alerta Carolina.
O estudo foi defendido em janeiro de 2025 no Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFMG, com orientação da professora Isabela Velloso.