
Foto de Juliana Mayo/Unsplash
Uma recente investigação da Consumer Reports descobriu que 99% dos alimentos testados estavam contaminados com plastificantes conhecidos como ftalatos – incluindo alimentos enlatados, fast food e até produtos orgânicos. A Consumer Reports é uma organização norte-americana de consumidores, sem fins lucrativos, que testa com independência produtos à disposição do público com o objetivo de defender e educar a população para um consumo seguro e saudável.
De acordo com pesquisas recentes, esses ftalatos – mesmo quando presentes em baixa quantidade – aumentam o risco de diabetes, doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer, defeitos congênitos, parto prematuro, distúrbios do desenvolvimento neurológico e infertilidade porque interferem na produção de hormônios no organismo humano, esclarece James E. Rogers, supervisor dos testes realizados pela CR.
“Esses problemas normalmente desenvolvem-se lentamente, por vezes ao longo de décadas”, diz Philip Landrigan, MD, pediatra e diretor do Programa para a Saúde Pública Global e o Bem Comum do Boston College. “Ao contrário de um acidente de avião, onde todos morrem ao mesmo tempo, as pessoas que morrem por causa disso morrem ao longo de muitos anos”, explica.
Outra preocupação é que, com o plástico tão onipresente nos alimentos e em outros lugares, os produtos químicos não podem ser completamente evitados. E, embora o corpo humano seja muito eficaz na eliminação de bisfenóis e ftalatos dos nossos sistemas, a exposição constante a eles significa que entram no nosso sangue e tecidos quase tão rapidamente como são eliminados. E os plastificantes, em particular, podem facilmente vazar do plástico e de outros materiais. Além disso, os efeitos nocivos dos produtos químicos podem ser cumulativos, pelo que a exposição constante, mesmo a quantidades muito pequenas, ao longo do tempo, pode aumentar os riscos para a saúde.
O problema é que existem muitas maneiras pelas quais esses produtos químicos entram na nossa alimentação.
Os primeiros esforços para limitar a exposição a eles concentraram-se nas embalagens, mas agora está claro que os ftalatos, em particular, também podem entrar a partir do plástico nos tubos, nas correias transportadoras e nas luvas usadas durante o processamento de alimentos, e podem até entrar diretamente na carne e nos produtos através de água e solo contaminados.
No momento em que você abre um recipiente de iogurte, a comida já percorreu um longo caminho para chegar à sua colher. Você pode ter uma ideia dessa jornada: da vaca ao processamento, da embalagem às prateleiras das lojas. Mas a cada passo, há uma chance de algo extra entrar sorrateiramente, uma espécie de passageiro clandestino que não deveria estar lá.
Esse ingrediente inesperado é o plastificante, um produto químico usado para tornar o plástico mais flexível e durável. Hoje, os plastificantes – os mais comuns são chamados de ftalatos – aparecem dentro de quase todos nós, junto com outros produtos químicos encontrados no plástico, incluindo bisfenóis como o BPA. Estes têm sido associados a uma longa lista de problemas de saúde , mesmo em níveis muito baixos.
Diante dos resultados obtidos, a entidade está pedindo à população norte-americana que assine um abaixo-assinado para que a FDA, órgão similar à Anvisa brasileira, aja com rigor contra esses plastificantes para que o consumo desses alimentos seja mais seguro. Atualmente, a regulamentação vigente naquele país não estabelece limites significativos para a presença desses produtos químicos na alimentação.
Mais informações podem ser obtidas aqui.