
Ativistas participam de marcha contra violência de gênero no Equador. Foto Crédito: ONU Mulheres/Johis Alarcon
Por consenso, os 193 estados-membros da ONU aprovaram nesta terça-feira (11) uma Declaração Política global que reforça o compromisso com direitos plenos para mulheres e meninas até 2030. O texto, adotado durante a 69ª edição da Comissão sobre o Estatuto da Mulher (CSW), alerta: 2025 será um “momento crucial” para acelerar ações contra desigualdades persistentes, desde violência digital até o trabalho doméstico não remunerado, que ainda consome 3,2 vezes mais tempo das mulheres do que dos homens.
A diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, foi incisiva: “Passaram-se 30 anos desde a Plataforma de Pequim, e nenhuma nação no planeta alcançou a igualdade de gênero. Não podemos mais adiar justiça”. O documento destaca a urgência de “eliminar barreiras estruturais”, como falta de acesso à educação em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) e subfinanciamento de políticas de cuidados, apontadas como “travas invisíveis” ao empoderamento feminino.
Do cyberbullying à paz: os pilares da nova agenda
A declaração traz avanços inéditos, como o reconhecimento formal da violência online (assédio digital, cyberbullying e discurso de ódio) como uma ameaça global aos direitos das mulheres. Também exige que os países integrem lideranças femininas em processos de paz – hoje, apenas 6% de mediadoras em conflitos armados são mulheres.
Outro eixo é a revolução no lar: os Estados comprometem-se a redistribuir o trabalho doméstico não pago, que recai desproporcionalmente sobre mulheres, com medidas como licenças-parentais iguais e incentivos fiscais a empresas que promovam equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
2025: o ano da cobrança
O texto resgata a Plataforma de Ação de Pequim (1995), considerada a “Bíblia” dos direitos das mulheres, e define o próximo ano como prazo para auditar progressos. Entre as metas:
- Triplicar investimentos em creches e asilos públicos;
- Criminalizar o revenge porn (exposição não consensual de imagens íntimas) em 100% dos países;
- Garantir que 50% das posições em mesas de negociação de paz sejam ocupadas por mulheres até 2030.
A cobrança começa agora: em setembro, a ONU apresentará um painel global para monitorar avanços – e expor quem ficar para trás.
Com informações da ONU Mulheres e da Comissão sobre o Estatuto da Mulher (CSW).