
Número de jornalistas mortos em 2022 foi 50% maior que no ano passado. Foto Crédito: Unsp
Pelo menos 67 jornalistas e trabalhadores da mídia foram mortos em 2022. Esses números representam um aumento de 50 por cento a mais do que em 2021 e foram divulgados neste 3 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) António Guterres. Além disso, quase 75% das profissionais mulheres de mídia sofreram violência on-line e uma em cada quatro foi ameaçada fisicamente. Ele também demonstrou preocupação com a crescente concentração da indústria da informação “nas mãos de poucos”, as dificuldades de empresas de comunicação independentes e o aumento de leis e regulamentos que prejudicam os jornalistas. Em sua mensagem, Guterres afirma que a verdade é ameaçada pela desinformação e pelo discurso de ódio que procuram confundir os limites entre fato e ficção, entre ciência e conspiração.
Lavagem cerebral” nas redes sociais
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) celebrou a trigésima edição da data na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, na terça-feira, 4. Na oportunidade, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, disse que 2022 foi o ano mais fatal para os jornalistas. As mortes ocorreram, principalmente, fora de zonas de guerra. Ela contou que “muitas vezes, eles estavam em casa com a família”.
Um dos convidados foi o influenciador e youtuber brasileiro Felipe Neto, que destacou a relação entre algoritmos, vício em redes sociais e radicalização. Para ele, é preciso impedir que os algoritmos façam “lavagem cerebral” nas pessoas e as tornem radicais com o intuito de mantê-las mais tempo on-line. O youtuber defendeu uma maior responsabilização das plataformas de redes sociais e mecanismos efetivos de regulação de conteúdo. O dia foi encerrado com o anúncio dos vencedores da distinção Unesco Guilhermo Cano 2023/Prêmio Mundial Liberdade de Imprensa. As ganhadoras foram três jornalistas presas no Irã.

Niloofar Hamedi e Elaheh Mohammadi foram detidas em setembro do ano passado por reportagens sobre a morte da jovem Mahsa Amini, presa por não usar “corretamente” o véu e morta sob custódia policial. A terceira premiada é Narges Mohammadi, sentenciada em 2016 a 16 anos de cadeia. Ela continuou a fazer reportagens impressas da prisão e também entrevistou outras detentas. As entrevistas foram incluídas em seu livro cujo título é Tortura Branca, numa tradução livre.
A Unesco destacou a importância de prestar homenagem a todas as mulheres jornalistas que são impedidas de exercer suas funções e que enfrentam ameaças e ataques à sua segurança pessoal.